Verbo Discendi, ele disse, mas eu ti digo!
| Foto de Evan Dennis no Unsplash |
Escrever bons diálogos é uma arte. Eles precisam ser naturais, revelar a personalidade dos personagens e manter o leitor engajado. Nesse processo, o verbo discendi — aquele que conecta a fala ao narrador, como “disse”, “perguntou” ou “sussurrou” — desempenha um papel essencial. Mas como usá-lo de forma eficaz?
A seguir, vamos destrinchar os principais pontos sobre o verbo discendi e aplicar exemplos do meu projetinho, Bonfire!
1. O Que É o Verbo Discendi?
O verbo discendi é usado para identificar quem fala e, muitas vezes, como fala. Ele ajuda a situar o leitor em meio às interações dos personagens.
Em um exemplo básico, temos:
— Sua avó… Morreu. — dizia Lucindy com a voz trêmula enquanto entrava em casa com o apoio de Kentaro.
Aqui, o “dizia” informa quem falou. Mas repare que ele também pode carregar emoção e contexto! Após o “dizia”, note a descrição sobre a voz, ação, e mesmo que indiretamente, emoção sobre a personagem.
2. Tipos de Discendi
Agora, que tal uma breve olhada nas “variações” do Discendi? Vamos lá!
A) Discendi “Neutros”
São os mais simples e diretos, como “disse”, “falou”, “perguntou”. Esses verbos são úteis para diálogos rápidos, onde o foco está na conversa, não na forma como ela acontece, tanto que, dependendo do contexto, você pode usar eles só uma única vez e deixar as coisas “fluírem” em diante.
Exemplo:
— Tem chantilly em todo lugar! — gritou Luna.
— Mas você acha que ainda da pra fazer um bolão dos bons? — Rafael perguntou.
B) Discendi “Emocionais”
Esses verbos carregam um tom emocional ou descrevem como algo foi dito: “sussurrou”, “gritou”, “acrescentou”. Eles ajudam a transmitir o estado de espírito do personagem.
Como exemplos, temos:
— Eu disse para ela não dirigir com essa idade… — sussurrava Kentaro em paralelo à fala de Lucindy. — Nunca me ouviu, nunca… Eu tentei ajudar.
Aqui, “sussurrava” não é só um verbo; ele reforça a angústia do personagem, a inquietude de Kentaro, e transmite ao leitor que, mesmo com uma personalidade já estabelecida, Kentaro tem um “sentimento” que não foi explorado até então, dando uma vida a mais ao personagem.
C) Discendi Substituídos por Ações
Às vezes, você não precisa de um verbo discendi. A ação que acompanha a fala pode substituí-lo e dar mais dinamismo à cena.
Exemplo:
— Sim… VOCÊ! — prosseguiu aumentando sua tonalidade de voz e se aproximando de Kentaro com um olhar de depravação…
Veja que a ação ("prosseguiu aumentando sua tonalidade de voz…") já comunica o estado emocional de Lucindy, dispensando o uso de um discendi. Fácil, não?
3 . Dicas para Usar Bem os Discendi
“Okay, mas tem alguma dica para usar ele de forma supimpa?” claro! Segue o fio!
A) Evite Repetições Excessivas
Repetir constantemente “disse” ou “falou” pode tornar o texto monótono. Varie os verbos ou substitua-os por ações. Não deixe a preguiça tomar conta de você nessa hora! Esse é SEU momento de abrir o dicionário e chegar os sinônimos de “falou” ou algo do tipo!
Em um exemplo ruim:
— Uma briga? Por quê? Você vai? — disse Ayumi.
— Não tá dizendo que é uma briga… — disse Akira
— Não dá pra saber, olha essa caligrafia! — disse Leonard.
Em um exemplo melhor:
— Uma briga? Por quê? Você vai?! — indagou Ayumi, ansiosa.
Akira hesitou. — Não tá dizendo que é uma briga…
Leonard assentiu. — Também, com essa caligrafia, mal da pra saber!
B) Use Ações para Complementar
Nem sempre o discendi precisa desaparecer. Ele pode ser complementado por uma ação que enriqueça a cena.
Exemplo:
— Não fale dela assim. — Akira rosnou, cerrando os punhos.
Aqui, “rosnou” dá o tom da fala, enquanto “cerrando os punhos” reforça a tensão.
C) Adapte ao Personagem
Escolha discendi que reflitam a personalidade de quem está falando. Um personagem calmo raramente grita, e um arrogante pode “acusar” mais do que “murmurar”.
Exemplos:
Rafael: — Vamos sair daqui. — Ele declarou, decidido.
Mark: — Então fuja, se quiser, mas eu não sou arregão!— Mark zombou, cruzando os braços.
Cada escolha de verbo fortalece a identidade do personagem, dando aquele “tchã” para seu universo!
4 . Como o Verbo Discendi Funciona em Bonfire
Em Bonfire, os verbos discendi são usados para destacar os conflitos emocionais dos personagens, aqui mais alguns exemplos que podem despertar algumas ideias em você!
Akira: Usa discendi diretos ou complementados por ações, refletindo sua objetividade e fragilidade emocional.
— Eu não me perdoaria se ele fizesse algo com você… — Akira desviou o olhar, segurando o broche de girassol de Emily.
Kentaro: Verbetes ríspidos como “acusou”, “zombou” ou “retrucou” são frequentes, reforçando sua arrogância e egoísmo.
— Sempre culpando alguém, típico de sua famíli, Rodrigues. — Kentaro acusou, com o desprezo evidente em cada palavra.
Emily: Discendi suaves como “sussurrou” ou “confidenciou” mostram sua delicadeza e incertezas… Sim, um pouquinho de spoiler aqui, cuidado!
— Eu só queria que estivéssemos juntos de novo... Que tudo fosse como antes... — Emily murmurou, quase inaudível.
Por fim... Conclusão!
O verbo discendi é mais do que uma ferramenta gramatical; ele é um artifício narrativo poderoso. Quando bem usado, ele transforma diálogos em cenas vivas, cheias de nuances e emoção.
Então, da próxima vez que revisar seu texto, olhe para seus diálogos. Seus discendi estão fortalecendo a narrativa ou apenas cumprindo tabela?
É isso pessoal! Meu nome é Alan D. Darfin, e a fogueira apaga aqui.